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Poeta, compositor, tímido, deslocado, romântico e contador de mentiras...

Arquivo poético

terça-feira, 2 de julho de 2013

Cidadeulíricas

Atravessamos a cidade com todas as suas belezas e intempéries. E assim como nossos passos ajudam a desenhar a paisagem, a cidade também nos transforma com a dureza arquitetônica dos seus prédios e o desarranjo das avenidas, onde desamparados se misturam pessoas e carros. Adquirimos novos contornos, moldados pela rudeza do cotidiano. E na angústia do presente, irrompida da multidão solitária, surge em nós, muitas vezes, o desejo de partir. Mas para onde fugir, se a cidade, com seus vícios e prazeres, está já tão incrustada dentro de nós?

É nessa teia, então, que nascem as líricas. E de repente, a tradução pela poética daqueles pensamentos que não conseguiram se converter em voz, faz emergir do cerne os anseios dispersos do coração, preenche com ditosas ilusões as lacunas de nossa medíocre existência, e de uma forma sutil, traz um pouco de enlevo e brandura às nossas frágeis vidas.


Reconstruindo a paisagem de dentro para fora, do que é a cidade e do que somos nós, a poesia brada, não pelas ruas tortuosas, mas pelas páginas rotas da nossa consciência: às vezes saudade, outras vezes desejo; a denúncia que desperta para a mudança; a paixão que faz sangrar; a solitude, ora tão necessária, ora tão indesejada; as desilusões e conflitos íntimos tão comuns a todos nós; a busca e o encontro com o amor. Sabores presentes em cada esquina dobrada, em cada prédio e em cada “ser” do humano.

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