E
o veneno insiste em correr pelas veias do meu corpo esquelético. Já desisti de
procurar o antídoto, pois a dor, muitas vezes, é prazer disfarçado, inebriante,
que lentamente invade meu coração mal palpitado. Sim, deixei que ele, o veneno,
fizesse sua parte, já que é pra isso que serve sua produção. A minha, confesso,
ainda procuro uma razão de ser.
-
O que veio fazer hoje no horizonte? - Pergunta o pássaro que descansa no fio
descascado do poste de luz elétrica da rua sem saída. A quem se dirige a
questão, pouco importa, se o sol, mesmo acordado, não mostra sua nudez no céu
pálido e os passantes continuam tropeçando na pressa necessária do cotidiano
citadino.
-
Mas seria mesmo necessária tanta pressa? - Agora sou eu quem pergunta. E da
mesma forma, pouco importa a resposta, pois se não é necessária – falo da
pressa -, é sempre obrigatória, para não sermos atropelados pelos tanques de
guerra com os quais, diariamente, nos deparamos nas calçadas e avenidas.
O
veneno não mata, apenas agride meu fígado. E já não penso da mesma forma de
minutos atrás. Talvez esse seja o antídoto...
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