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Poeta, compositor, tímido, deslocado, romântico e contador de mentiras...

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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Bola de papel

(Em homenagem ao Brasil, campeão da Copa das Confederações)

Abandona o colo, o peito
e vai crescer na rua.
Jogar sua bola na sarjeta,
de pés descalços,
camisa dez,
mãos e boca suja.
O nome pouco importa,
inventam sempre um apelido:
Didi, Kaká, Zé Galinha.
Exporta tua arte juvenil:
- É do Brazil zil zil!
Dom de moleque,
de ser bola que rola na terra
no asfalto ou no carpete,
é sempre bola, e sempre bom.

Abandona a casa,
a cidade,
os pais,
o país.
Vai jogar lá fora:
- É do Brazil zil zil!
Fazer fortuna,
virar o jogo
e esquecer a bola.
Tem de prover seu futuro
em carreira relâmpago.
Veste a camisa amarela,
azul, cinza e vermelha.
O mais importante é sempre o verde 
do papel.

Brasil:
futebol de sobra,
tem fome de bola,
marca gols de placa,
mas não sai do zero a zero.


2 comentários:

  1. Belíssimo poema, João Daniel. A musicalidade que há nele faz com que a leitura transcorra numa cadência muito legal. Adorei.

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  2. Muito obrigado, Maria. Minha veia musical afeta diretamente meus poemas. Involuntariamente as palavras se constroem em melodias.

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