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segunda-feira, 24 de março de 2014

Cores do asfalto

Faróis acesos antes de o dia nascer por completo. Vermelhos meus olhos, assim como o semáforo. Afobados, muitos carros atravessam tanto este como aqueles. E eu que não o faço, fico atingido pela pressa, aflito por permanecer parado. Correm os pneus, rodas e meus pensamentos. Estes não tão depressa como aqueles, tendo em vista a hora do dia e por isso mal acordaram. O céu sobre mim não pesa, como pesam os pés no acelerador dos que cruzam os semáforos avermelhados. E fico a olhar o que se passa na pressa, nos passos, nas peças que precisam de conserto, no carro e nos motores ensanguentados.
Apagaram-se agora. O que era vermelho esverdeou. Vê? Nem todos veem. E o que era preto ganha nova cor. Avermelhou-se o asfalto depois da freada do apressado, que se precipitou. O que eram verdes enegreceram. Eram olhos de bonita cor. E depois da pressa dos pés pesados, outros faróis se pintarão de vermelho. E não serão os do carro, do semáforo, mas daqueles que em casa ficaram esperando pela volta dos que foram apenas passear para ver o céu azul.


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