Faróis
acesos antes de o dia nascer por completo. Vermelhos meus olhos, assim como o
semáforo. Afobados, muitos carros atravessam tanto este como aqueles. E eu que
não o faço, fico atingido pela pressa, aflito por permanecer parado. Correm os
pneus, rodas e meus pensamentos. Estes não tão depressa como aqueles, tendo em
vista a hora do dia e por isso mal acordaram. O céu sobre mim não pesa, como
pesam os pés no acelerador dos que cruzam os semáforos avermelhados. E fico a
olhar o que se passa na pressa, nos passos, nas peças que precisam de conserto,
no carro e nos motores ensanguentados.
Apagaram-se
agora. O que era vermelho esverdeou. Vê? Nem todos veem. E o que era preto
ganha nova cor. Avermelhou-se o asfalto depois da freada do apressado, que se
precipitou. O que eram verdes enegreceram. Eram olhos de bonita cor. E depois
da pressa dos pés pesados, outros faróis se pintarão de vermelho. E não serão
os do carro, do semáforo, mas daqueles que em casa ficaram esperando pela volta
dos que foram apenas passear para ver o céu azul.
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